Tânia Dinis (Vila Nova de Famalicão, 1983) é Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela FBAUP (2015) e Licenciada em Estudos Teatrais, Ramo-Interpretação pela ESMAE (2006).
O seu trabalho atravessa diversas perspetivas e campos artísticos – fotografia, performance, cinema – numa estética relacional, partindo de imagens de arquivo de família, pessoais ou anónimas, da sua apropriação, ou outros registos de imagem real, numa relação tempo-imagem-memória-sonho. 
Em 2013 realizou a primeira curta-metragem, “Não são favas, são feijocas”, premiada em vários festivais de cinema, seguida de outros trabalhos – “Arco da Velha” (2015),  “Laura” (2017) e “Armindo e a Câmara Escura” (2017). 
É criadora de vários projectos performativos, entre outros, a performance Bastidores (2019), que partiu do arquivo fotográfico do Teatro Municipal Rivoli, Porto, e de antigos funcionários entre os anos 40/80, Álbuns da Terra (2020-2021), Linha de Tempo – Imaginário familiar (2021), Álbuns da Guerra (com Catarina Laranjeiro, 2021). Tem colaborado em projetos com curadoria de Eduarda Neves, com a Produtora Bando à Parte, com o CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura e A Oficina. Integrou diversas exposições coletivas. Está representada na coleção de arte contemporânea do Município do Porto

NOSTALGIA DA IMAGEM | IMPRESSÕES 

Imagens: cortesia Tânia Dinis

NOSTALGIA DA IMAGEM | IMPRESSÕES 

A prática artística de Tânia Dinis surge de um trabalho de pesquisa e de criação sobre a intimidade, e realiza-se através de um confronto assíduo com o arquivo, com os álbuns de família, os documentos e outros objectos de memória que ela encontra no seu ambiente familiar, nos aglomerados anónimos das feiras e mercados, ou em situações de partilha com grupos de pessoas e comunidades específicas.
A partir desta pesquisa, a artista apropria-se das imagens, reorganizadas, recortadas, e reproduzidas em material transparente, e reactiva-as através de uma instalação cénica que utiliza dispositivos luminosos tais como mesas de luz ou projectores, implementada de fragmentos sonoros gravados por magnetofones.
Por meio de uma lenta manipulação das imagens, que produz intersecções e sobreposições, seguindo o ritmo interior do arquivo, e recorrendo a materiais como papel celofane, lupas e filtros, ela constrói pequenas sequências narrativas, num exercício de confrontação da imagem com o som, explorando assim as várias possibilidades de encenação ficcional, e simultaneamente a ideia da imagem como uma experiência da efemeridade do tempo e da memória.

As imagens e gravações audiovisuais apresentadas nesta galeria referem-se a duas das mais recentes criações de Tania Dinis.

Nostalgia da Imagem – fotografia em movimento, memória e arquivo de família (2022) teve início a partir da experiência de um visionamento de um álbum fotográfico, de um diário, de registos de áudio, e de cartas e correspondências de uma mulher com o seu companheiro, que fugiu de assalto, para França, antes do 25 de abril, um material encontrado num antigo colégio interno de mulheres. 

Impressões (2022), por outro lado, tem como objecto as memórias e a partilha de imagens e outros documentos, de um grupo de pessoas ligadas à indústria gráfica dos antigos Armazéns do papel do Sado, em Setúbal, cruzando a história política da cidade e do país, numa combinação do registo documental e ficcional.

Em comparação com os seus trabalhos anteriores, nestas últimas criações, que são aqui apresentadas de forma conjunta e interligada, a artista consegue soluções ainda mais profundas, amplificando a dimensão performativa mediante um dispositivo cénico em múltiplas camadas, no qual as imagens voltam à sua forma material, e como estátuas de papel, dialogam com as imagens projectadas e com o próprio corpo da artista, unidos em gestos que ligam o presente ao passado, num verdadeiro teatro de figuras intermedial.


Nostalgia da imagem – fotografia em movimento, memória e arquivo de família
2022
Criação: Tânia Dinis
Processo – residência artística
CAMPUS – Paulo Cunha e Silva – Porto

Impressões
2022
Criação e Interpretação: Tânia Dinis
Pesquisa: Tânia Dinis e Pedro Bastos
Texto: Pedro Bastos
Espaço cénico: Tânia Dinis
MAPS – Mostra de Artes Performativas em Setúbal
Bolsas de Criação Artística –  A Gráfica – Centro de Criação Artística – Câmara Municipal de Setúbal